Hoje li uma frase que me fez pensar muito. Alguém postou no mural de alguém que copiou de alguém e que serve pra todo mundo: você não está no trânsito, você é o trânsito.
Não é preciso ler duas vezes para entender a gravidade da situação e a parcela de culpa de cada um de nós que anda de carro nesse caos no qual a cidade de São Paulo se tornou.
Eu me sinto culpada, mas ainda não vejo uma solução 100% ideal para o meu caso.
Eu aproveitaria muito mais a bicicleta como meio de transporte se conseguisse fazer a integração metrô-bike com mais facilidade. Mas os empecilhos são tantos que parece que o governo criou uma gincana só para tornar a coisa toda mais “interessante”
Você sabia que existe um vagão específico para as bicicletas?
Até aí tudo bem, certo? Está tudo sinalizado, tudo lindo, tudo bem explicado.
Em cada vagão, ou seja, cada vez que o metrô passa, só podem entrar 4 bikes por vez. Se você estiver esperando com mais uma pessoa e outros 3 ciclistas já estiverem no vagão, espere o próximo trem (tudo bem que essa hipótese é remota, já que, diante dos próximos itens, pouca gente se aventura no binômio bike-metrô).
Ok, só que este vagão, sinalizado, bonitinho, onde podem entrar até 4 bikes por vez, só pode ser usado para este fim em horários extramemente adequados como:
– durante os dias da semana, a partir das 8 da noite
– aos sábados, a partir das 14h,
– e, ok, aos domingos, o dia inteiro
Ou seja, a bike definitivamente é vista como um bicho de duas rodas usado para momentos e lazer, e definitivamente não é levada em consideração como um meio de transporte plausível e possível para uma cidade como a nossa. Se você quiser usar sua bike para ir de casa para o trabalho, ou de casa para a escola, leve em consideração que terá sempre que fazer o caminho por sua própria conta, sem a possibilidade de usar o metrô num trecho do seu percurso.
Para completar, algumas outras coisas:
– as bicicletas devem ser transportadas pelas escadas fixas, nunca pelas rolantes ou elevadores – o que dificulta bastante o processo todo
– mesmo quando você conseguiu chegar no metrô em dia e hora permitidos, conseguiu descer a bicicleta pelas escadas sem maiores contusões, conseguiu entrar num vagão de bicicleta que não estivesse cheio de bicicleta ou cheio de gente, você mais a sua bicicleta são alvo de olhares atravessados e comentários de quem acha absurdo trazer uma bicicleta para dentro do metrô…
E assim segue a nossa sociedade, e assim, cada um de nós continua sendo causa e vítima do trânsito que nós mesmos produzimos.
(Ah, sim! Outras cidades do mundo dão exemplo de como isso pode ser diferente. Vou postar algumas histórias por aqui)